O vice-presidente voltou a defender a proposta do voto majoritário que se tornou uma bandeira de sua legenda
O vice-presidente da República, Michel Temer, voltou a defender o voto majoritário e o distritão – adoção do voto distrital puro com eleição dos candidatos com mais votos -, mas afirmou que “não é isto ou nada”. Ao falar como presidente do PMDB à comissão especial que analisa uma proposta de Reforma Política na Câmara, Temer afirmou que a decisão final é do Congresso mas apelou para que as legendas entrem em consenso, mesmo que buscando um texto mais enxuto, focado em quatro ou cinco temas.
Para Temer, se o Legislativo não avançar num texto será uma decepção popular e política.
“O fundamental é termos consciência que é preciso apresentar alguma coisa. Já houve tentativas variadas [de fazer uma reforma política] e começo a verificar opiniões descrentes da capacidade do Congresso Nacional aprovar uma reforma. Vai precisar de 308 votos? Junte as teses. Mais do que minha posição referente ao distritão, e o voto majoritário em qualquer sistema, muito acima disto está o interesse do país”, afirmou. Segundo ele, se os parlamentares buscarem uma reforma completa em torno de dez ou 12 temas, "não vamos chegar a lugar nenhum", alertou, afirmando que o texto pode ser complementado depois.
Temer voltou a defender a proposta do voto majoritário que se tornou uma bandeira de sua legenda e elencou razões jurídicas e políticas, explicando ainda, que a proposta não acaba com partidos “porque já está fixada a tese da fidelidade partidária. Ademais, uma emenda que adotasse o voto majoritário, seria seguido de outro parágrafo dizendo que o mandato é do partido”, explicou.
Para o líder peemedebista, a lista partidária defendida por alguns parlamentares não soluciona o problema do sistema e da falta de identidade das legendas. “Não tenho objeções teóricas, mas tenho neste momento. Eu sou o presidente do partido. Nossos partidos, ao longo do tempo, perderam um pouco da sua identidade programática. Se examinarmos os programas dos 32 partidos, verão uma identidade absoluta entre eles. Então pergunto se no sistema proporcional o eleitor está escolhendo um partido? Não. Eles escolhem pessoas,” ponderou. Ele ainda destacou que o voto majoritário eliminaria automaticamente as coligações.
Ao afirmar que não se trata de uma questão de governo, mas de Estado, Temer disse que a redução do número de legendas “facilita até a governabilidade, se tivermos um número menor e partidos reunificados, que tivesse uma posição – apoio ou não do governo. Temos uma atomização não só partidária como intrapartidária. Meu partido é campeão dessas divergência internas”, completou, ao afirmar que não é “contra o distritinho” nos casos de municípios com menor número de eleitores.
Michel Temer defendeu o financiamento privado para as eleições majoritárias. Segundo ele, no momento que o Estado destinasse bilhões para campanhas seria inevitável que a população comparasse o volume de recursos com investimentos em áreas prioritárias para o país. “O que se questiona não é a contribuição de pessoas físicas, mas de pessoas jurídicas, em especial, dos empresários. A empresa deve fazer uma opção se acha que candidato e partido tal atendem suas aspirações,” disse.
Sobre as coincidências das eleições e de mandatos, o presidente do PMDB disse não ter opinião formada e afirmou que caso os parlamentares optem pelo fim da reeleição será preciso aumentar o tempo de mandato para cinco ou seis anos.
A comissão especial completou 29 sessões e tem outras 11 pela frente para produzir um texto que será submetido ao plenário da Câmara e depois será apreciado pelo Senado. Temer voltou a pedir dedicação e sugeriu que o colegiado faça um esforço concentrado nos próximos dias.